Materiais aeroespaciais são fabricados em panela de pressão
Redação do Site Inovação Tecnológica - 15/05/2014
Estas "microflores" são feitas de PPPI, o polímero mecanicamente
mais estável que se conhece, produzido no interior do reator de
pressão.[Imagem: TU Vienna]
Química desafia física
Em uma descoberta que parece desafiar as leis da física, químicos descobriram
que é possível sintetizar frágeis compostos orgânicos sob altas temperaturas e
pressões elevadas.
A síntese hidrotermal é um fenômeno bem conhecido dos geólogos, sendo
responsável por produzir diamantes e outras gemas nas profundezas da Terra.
Mas compostos orgânicos - formados primariamente por carbono e hidrogênio -
são materiais sensíveis, leves e flexíveis.
É por isso que eles são usados em aviões, naves espaciais, artigos esportivos
e uma infinidade de outros usos genericamente chamados de "alta tecnologia".
Entre os compostos orgânicos de maior interesse estão os polímeros - ou
plásticos - de alto desempenho, mas há também aqueles usados na eletrônica
orgânica, incluindo telas e painéis solares flexíveis e transparentes.
Processo geomimético
Hoje os materiais mais avançados são fabricados pela indústria química por
meio de processos envolvendo aditivos e solventes tóxicos e consumindo muita
energia.
Bettina Baumgartner e seus colegas da Universidade de Tecnologia de Viena, na
Áustria, descobriram que não precisa ser assim. Eles criaram um processo de
produção inspirado na geologia, um processo geomimético.
A equipe conseguiu sintetizar fibras de alto desempenho usando uma espécie de
panela de pressão, um reator onde se desenrola um processo no qual os únicos
fatores envolvidos são o calor e a pressão.
Tudo parece absolutamente contra-intuitivo, afinal, centenas de graus Celsius
e mais de 17 bars de pressão deveriam destruir as moléculas orgânicas complexas
que formam os polímeros de alto desempenho.
Contudo, os polímeros formam-se e cristalizam-se simultaneamente com base
apenas nas condições hidrotermais - a água fervente sob alta pressão -,
dispensando aditivos e solventes químicos.
Reator químico
Segundo os pesquisadores, as vantagens dessa abordagem são várias: não se
gera subprodutos perigosos, o consumo de energia é reduzido drasticamente e a
síntese no reator de pressão é muito mais rápida do que seria em qualquer outra
técnica.
Além disso, os polímeros produzidos têm melhor qualidade: "O nosso método
produz materiais com maior cristalinidade, o que melhora ainda mais a rigidez
mecânica," disse Miriam Unterlass, uma das descobridoras da nova técnica.
Ela ressalva que é necessário um complicado ajuste fino para que o processo
funcione a contento.
O transporte de massa e de energia no interior do reator tem que ser muito
bem controlado, o que exige uma sonda de infravermelho para monitorar o que está
ocorrendo.
A sonda, capaz de suportar as condições extremas no interior do reator,
permite controlar a temperatura e a pressão e determinar a hora de desligar tudo
e recolher o polímero já pronto.
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