sexta-feira, 16 de maio de 2014

Ele fugiu da alfaiataria para ficar rico com sapatos

Luiz Flores Carrera andava 20 km por dia para vender calçados, até começar a abrir lojas e nunca mais parar de ganhar dinheiro.

GISELE TAMAMAR, ESTADÃO PME

Nilton Fukuda/Estadão
Nilton Fukuda/Estadão
Luiz Carrera com o filho, que também se chama Luiz e, hoje, cuida da administração da marca CNS
 Luiz Flores Carrera começou a aprender o ofício de alfaiate aos 10 anos. Profissão que seguiu até a indústria baratear a produção de ternos e colocar o setor em crise. A solução encontrada foi pegar 300 cruzeiros emprestados com a sogra para comprar uma amostra, com a qual ele vendia sapatos por São Paulo. Assim começou o envolvimento do empresário no setor, onde ele se consolidou com a CNS. Hoje, a rede tem 59 lojas, todas próprias.
Para conquistar a clientela, Carrera precisou andar muito. Eram cerca de 20 quilômetros por dia percorrendo bancos, escritórios e corretoras para anotar os pedidos e entregar os sapatos. “Todo mundo tinha o mesmo mostruário por aí. Eu queria ser diferente. Peguei três modelos de alta qualidade de duas lojas e levava junto. Falava que tinha uma coisa especial e tirava do saquinho. Todo mundo vendia 30, 20 sapatos. Eu vendia 120 por mês”, lembra.
Quando chegou a hora de montar uma loja, Carrera resolveu aproveitar a fama positiva dos sapatos italianos e também “italianizou” seu nome, batizando a loja de Luigi, instalada no subsolo onde hoje é a Galeria do Rock, na Rua 24 de Maio. Sem estoque, os poucos modelos eram apoiados em caixas de fósforo para melhorar a apresentação em cima de uma madeira envernizada.
Com o dinheiro da venda de uma Brasília, Carrera conseguiu comprar uma nova loja no andar de cima e passou a fazer sucesso com a venda de sapatos de bico fino. Já a primeira loja CNS, que significa Companhia Nacional de Sapatos, surgiu em 1991, a partir de um projeto desenvolvido pelos filhos para as lojas de shoppings.
A decadência do centro e a expansão dos shoppings fortaleceram os negócios da CNS, uma das principais marcas de calçados masculinos do País. Todos os filhos: Luiz, Antonio, Richard e Marina estão envolvidos na operação. “A cama estava pronta”, brinca o empresário, de 79 anos. Hoje ele tem quatro lojas. O restante está dividido entre os filhos. “Nunca tive intenção de querer mais. Eles não. Eles têm apetite”, conta. Apetite que inclui um plano de expansão no Nordeste e em mais três estados em 2014.
Um erro
Na opinião do empresário, talvez um erro foi comprar um apartamento (ele já tinha uma casa) em vez de investir em uma loja no início do Shopping Center Norte, quando os valores estavam baixos. Já em relação ao grupo, os filhos investiram em uma nova marca chamada Basko, que não teve boa aceitação e durou um ano e meio.
Um acertoDesde quando vendia sapatos por pedidos, Luiz Flores Carrera sempre buscou se diferenciar e se especializou na venda de sapatos masculinos. “Tive sorte. Tinha amigos que trabalhavam com sapatos masculinos e femininos. Os sapatos de bico fino deram uma alavancada. Nunca gostei de trabalhar igual todo mundo trabalha.”
Uma dicaA dica do empresário para quem pretende investir no próprio negócio é ter persistência, dedicação e buscar um diferencial. “Hoje é muito mais difícil abrir qualquer coisa.” Para quem tem interesse na marca, expandir por franquias não está nos planos. As novas lojas serão abertas pelos filhos.

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