Com informações da Agência USP - 29/11/2010
As células Peltier usadas no invento são pequenas placas quadradas,
menores do que uma caixa de fósforos. [Imagem: Ag.USP]
Uma "palmilha inteligente" capaz de regular a temperatura dos pés já está em
fase de conclusão na Escola Politécnica (Poli) da USP.
"Em apenas um mês podemos construir um protótipo de laboratório", garante o
professor Francisco Javier Ramirez Fernandez,
Ramirez-Fernandez e seu colega João Francisco Justo Filho são os
idealizadores do Sistema de Conforto Térmico Plantar.
Segundo eles, a patente já foi depositada na Agência USP de Inovação e o
próximo passo será o desenvolvimento do protótipo de laboratório.
Células de Peltier
O Sistema de Conforto Térmico Plantar funciona por intermédio de pequenos
dispositivos eletrônicos, conhecidos como células Peltier, instalados na
palmilha.
As células Peltier usadas no invento são pequenas placas quadradas, menores
do que uma caixa de fósforos. Elas são feitas de um material termoelétrico,
gerando uma diferença de temperatura por meio da aplicação de uma tensão
elétrica.
Cerca de três dessas placas são suficientes para compor a palmilha
inteligente. "Equipada com os dispositivos, a palmilha não terá mais do que 5
milímetros (mm) de espessura", garante o pesquisador.
Além disso, ele ressalta que a palmilha poderá se construída de material
impermeável. Isso permitiria que ela fosse molhada, o que não alteraria seu
funcionamento.
Funcionamento da palmilha inteligente
A partir do contato do calçado com o solo, o sistema mede a
temperatura exterior e controla automaticamente o fluxo de calor do pé para fora, ou
vice-versa.
O sistema que controla o funcionamento das células tem a capacidade
de inverter a direção do fluxo de calor, por meio da mudança do sentido do fluxo da corrente de
ativação das células Peltier.
"Se a temperatura do solo estiver fria, a inversão proporcionará a sensação
de calor na região da planta do pé. E se a temperatura estiver quente no solo,
ocorrerá o contrário", explica Ramirez-Fernandez.
Os pesquisadores já trabalham no projeto há cerca de um ano e o objetivo do sistema é regular de
forma automática a temperatura de uma superfície em contato com o pé,
proporcionando conforto térmico tanto em dias frios como quentes.
A palmilha será apropriada para climas extremos, como calor ou frio
excessivo, podendo ser utilizada em qualquer sapato do tipo médio.
"Imaginemos alguém que tenha de sair de um ambiente interno aquecido e
posteriormente caminhar na neve, por exemplo. Em vez de usar uma bota pesada,
basta introduzir o sistema num sapato comum e caminhar. A 'palmilha inteligente'
regulará a temperatura de forma a permitir não só a caminhada, como também
evitar lesões provocadas pelo eventual esfriamento que acabam ocorrendo neste
tipo de situação extrema", descreve.
Idosos e bebês
Apesar de ser voltada mais diretamente para situações mais extremas de clima,
há possibilidade de outros usos.
"Mesmo aqui no Brasil, pessoas mais idosas sofrem muito com o nosso
inverno, que nem chega a ser tão rigoroso como em países do hemisfério Norte",
avalia o pesquisador. "Acreditamos que a inovação será importante para estas
pessoas, afinal, a expectativa de vida do brasileiro está ficando cada vez maior."
O pesquisador lembra que bebês também estão mais sujeitos a sofrer com
temperaturas extremas nos pés. Segundo ele, é perfeitamente possível que a
tecnologia seja adaptada para os pequenos.
Ramirez-Fernandez informa que o projeto aguarda agora por indústrias que se
interessem pela tecnologia e pela comercialização do produto. A partir daí, ele
estima que em menos de um ano uma empresa poderia ter esse produto final pronto
para ser utilizado. Nos laboratórios da Poli, o professor acredita que o
protótipo deverá custar a partir de R$ 100,00 para ser elaborado na versão mais
simples.